Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma, não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto a minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto a imagem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu?" Deus sabe, porque o escreveu.
(Não Sei Quantas Almas Tenho)
sábado, fevereiro 13, 2010
Fernando Pessoa
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Será que alma erra?
ResponderExcluirLendo Fernado Pessoa fiquei confusa, mais do que sou...ou do que estou....pensei que só o coração que se enganava...mas quando ele fala: Noto a imagem do que li. O que julguei que senti. Releio e dido: Fui eu????
Aconteceu comigo isso também....e agora???
Alma erra??? Amigos me respondam!!!!
Muito lindo!
ResponderExcluirComo diz Caetano Veloso "...Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é..."