sábado, fevereiro 13, 2010

Fernando Pessoa

Não sei quantas almas tenho. Cada momento mudei. Continuamente me estranho. Nunca me vi nem acabei. De tanto ser, só tenho alma. Quem tem alma, não tem calma. Quem vê é só o que vê, Quem sente não é quem é, Atento ao que sou e vejo, Torno-me eles e não eu. Cada meu sonho ou desejo É do que nasce e não meu. Sou minha própria paisagem; Assisto a minha passagem, Diverso, móbil e só, Não sei sentir-me onde estou. Por isso, alheio, vou lendo Como páginas, meu ser. O que sogue não prevendo, O que passou a esquecer. Noto a imagem do que li O que julguei que senti. Releio e digo: "Fui eu?" Deus sabe, porque o escreveu.

(Não Sei Quantas Almas Tenho)

2 comentários:

  1. Será que alma erra?
    Lendo Fernado Pessoa fiquei confusa, mais do que sou...ou do que estou....pensei que só o coração que se enganava...mas quando ele fala: Noto a imagem do que li. O que julguei que senti. Releio e dido: Fui eu????
    Aconteceu comigo isso também....e agora???
    Alma erra??? Amigos me respondam!!!!

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  2. Muito lindo!
    Como diz Caetano Veloso "...Cada um sabe a dor e a delicia de ser o que é..."

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